6 GRANDES TREINADORES BRASILEIROS QUE FIZERAM A HISTÓRIA DAS ARTES MARCIAIS

Os resumos abaixo não incluem todos os nomes que ajudaram a escrever essa História nem expressam a verdadeira estatura dos grandes treinadores que deixaram um legado magnífico na História das Artes Marciais. Seriam necessárias muitas páginas para isso. A intenção aqui é reforçar sua importância, reverenciar seu tempo entre nós e honrar a sua memória. 
 
• CARLOS GRACIE (1902-1994) • O grande responsável pela criação do sistema de arte marcial brasileira Gracie JiuJitsu aprendeu a luta em Belém com o japonês Mitsuyo Esai Maeda, o Conde Koma, e ao se mudar para o Rio de Janeiro começou a se destacar como professor e lutador por vencer atletas mais fortes. Com o irmão e aluno Hélio oficializou a nova técnica e a filosofia de vida, estabelecendo a primeira Academia Gracie de JiuJitsu em 1925. Venceu vários desafios, viajando por todo o Brasil disseminando a Arte Suave. Autodidata em Nutrição, desenvolveu uma dieta alimentar seguida por atletas do mundo todo. Seguidor da numerologia, batizou todos os descendentes com as letras R e C, tradição mantida até hoje pela família. Usava seu conhecimento sobre plantas e ervas medicinais para curar as pessoas. Carlos era espírita, incorporava uma entidade espiritual e aconselhava pessoas através de consultas.
 
• CARLSON GRACIE (1932-2006) • Um nome que dispensa apresentações, explicações ou definições. Primogênito de Carlos Gracie, participou do seu primeiro campeonato aos 5 anos e foi um dos representantes mais importantes de sua família, tanto como atleta quanto como treinador. Seus ensinamentos foram responsáveis pela excelência de inúmeros lutadores, formando um verdadeiro exército que dominou os tatames durante anos e que posteriormente se tornou a geração atual de grandes treinadores que reinam no circuito mundial do JiuJitsu e do MMA.
 
• LUIZ ALVES (1951-2010) • Reconhecido mundialmente como um dos melhores treinadores de luta em pé para o MMA, o Grão-Mestre Luiz Alves deixou um grande legado. Pioneiro do Muay Thai no Brasil, desde o tempo em que a luta ainda era conhecida como ‘Boxe Tailandês’, o cearense alcançou a graduação de Grão-Mestre na Holanda, no lendário centro de lutas Chakuriki. Fundou a Confederação Brasileira de Muay Thai em 1994 e foi um dos responsáveis por unir os lutadores do JiuJitsu, Muay Thai e Luta Livre, que viviam um momento de muitos conflitos. Ajudou a lapidar e formar vários campeões e esteve no córner de lutas memoráveis. Os maiores nomes do Muay Thai e do MMA passaram por seus ensinamentos.
 
• OSVALDO ALVES (1938-2022) • Nascido no Acre e criado no Rio de Janeiro, começou no Judô aos 6 anos de idade. Teve seu início no JiuJitsu através do Reyson Gracie, que o convidou ainda criança para ser seu aluno. Conhecido como a “Enciclopédia do JiuJitsu”, consolidou seu nome como um dos principais da História da Arte Suave. Viveu durante 5 anos no Japão para aperfeiçoar as duas artes marciais, trazendo de lá diferentes posições e uma nova filosofia para o esporte. Devido a isso, muitos o consideram como um revolucionário do JiuJitsu nos anos 1970. Diretor técnico da International Brazilian JiuJitsu Federation (IBJJF), foi também o precursor do esporte no Amazonas. Faixa vermelha 9° Dan, foi o único representante brasileiro a ser convidado para ministrar um seminário no lendário Instituto Kodokan, no Japão.
 
• ROBERTO LEITÃO (1937-2020) • Profundo conhecedor das Artes Marciais, que começou a praticar aos 14 anos, o Grão-Mestre 10° Dan Roberto Leitão incentivou, desenvolveu e difundiu a Luta Olímpica no Brasil. Introduziu o Wrestling no país ao fundar a primeira Federação de Luta Olímpica em 1979. Mestre em Engenharia Mecânica, escreveu um livro sobre esse tema, lançado em 2017 (“Biomecânica da Luta”, editora Albatroz). Foi treinador de vários atletas relevantes em diferentes modalidades e aos 80 anos ainda rolava com seus alunos no tatame. Também foi um grande pintor, e suas telas demonstram sensibilidade e refinamento.
 
• SINHOZINHO (1891-1962) • Agenor Moreira Sampaio, conhecido como Mestre Sinhozinho, foi o principal expoente da “Capoeira Carioca”, estilo voltado especificamente ao combate. Autodidata no estudo da Educação Física, destacou-se em várias modalidades esportivas, formando campeões em halterofilismo, boxe, remo, salto, futebol e outros esportes. Praticou a luta greco-romana, boxe francês (savate) e a “gymnastica em apparelhos” (sic). Venceu diversos torneios de lutas, foi treinador de vários clubes do Rio de Janeiro e árbitro de muitos combates. O quintal de sua casa foi a primeira academia de ginástica de Ipanema, onde se praticava levantamento de peso, boxe, luta livre, ginástica em aparelhos. Após assistir à famosa luta em que o capoeirista Cyriaco venceu o japonês Sada Miyako, Sinhozinho quis conhecer a essência da capoeira carioca, no convívio com boêmios, malandros da Lapa e trabalhadores da zona portuária. Em 1930, criou o Clube Nacional de Gymnastica, na Rua do Rosário, centro do Rio, onde ensinava um estilo próprio de capoeira, voltado especificamente para a luta e sem acompanhamento musical. Esse diferencial tornou a Capoeira carioca a mais forte do Brasil, atraiu a atenção da juventude da alta sociedade, facilitou a inserção dessa luta no meio esportivo e atraiu a atenção de diversos mestres de outros estados do país, que então se estabeleceram no Rio de Janeiro. Na edição de 23 de setembro de 1931, sob o título “A Ressurreição da Capoeira”, o “Diário de Notícias” afirmava: “O grande e justificado interesse que há em torno da capoeiragem está ressurgindo com vigor, graças principalmente a propaganda da Imprensa, notadamente do Diário de Notícias, e a actividade de Agenor Sampaio (Sinhozinho).” (sic)
 
Texto
Marcia Lomardo
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