A LUTA GALHOFA é uma forma de combate corpo a corpo de origem portuguesa. Seus registros remontam ao século XIII a.C.
De origem Celta, vem da época em que houve uma fusão entre os povos Celtas e Íberos, que passaram a chamar-se “Celtíberos”. Esses povos eram divididos em tribos, e os Lusitanos, situados entre o rio Douro e o Tejo, eram os mais conhecidos. Um de seus chefes foi Viriato, o pastor de gado historicamente renomado por sua bravura e pelas vitórias sobre os romanos. Ele usava a Luta Galhofa para a seleção de seus homens, pois além da parte física ela exigia muita força mental.
Portugal historicamente teve muitos guerreiros, como os Templários Portugueses, e lutas, como a Esgrima Lusitana e a Luta Galhofa. Os Lusitanos, além de serem um povo guerreiro, eram muito estrategistas, e nunca foram vencidos pelos romanos, sempre comandados por Viriato. Conta-se que também usavam uma bebida derivada de cogumelos cujas propriedades alucinógenas tornavam os guerreiros ainda mais bravos e invencíveis.
Com variantes próprias em diferentes localidades e povoações, esse tipo de luta chegou até os descendentes dos Lusitanos – o povo português. Nas aldeias transmontanas, era associada à passagem dos homens de adolescentes para adultos. A prática da modalidade surgiu como uma forma de medir forças para constatar quem era o mais forte do clã.
A luta começa e termina com um abraço cordial entre os oponentes. Era praticada nos currais com os pés descalços sobre a cobertura de palha fresca. Atualmente é praticada nos tatames. Somente era permitido agarrar e puxar pelas calças, que eram feitas de um material resistente. O objetivo é projetar o adversário com as costas no chão e imobilizá-lo por alguns segundos. Quando a luta terminava, o vencedor retirava o cinto de pano que o adversário usava e o colocava em si próprio, demonstrando ser o novo campeão. Atualmente na modalidade desportiva é conferido um cinturão ao campeão, assim como em outras lutas.
A técnica era chamada “manha”. O objetivo não era o combate nem um treinamento de guerra; era a junção da “manha” com a força física para medir forças entre os homens e rapazes da aldeia. Não havia categoria de peso, ou seja, era o que hoje denominamos “absoluto”. Um jogo cultural inserido num contexto de festa e alegria, derivando daí o nome “Galhofa”.
Mulheres e crianças não podiam nem ao menos assistir. Era uma atividade totalmente masculina. Atualmente existem categorias femininas na modalidade desportiva, que foi reconhecida em 2016 pela Federação Portuguesa de Lutas Amadoras (FPLA). Atualmente já é oficialmente reconhecida por todas as entidades. Existe equipamento definido, é aberta a todas as faixas etárias e as mulheres podem praticar.
Em 2018 começaram a ser realizadas as primeiras provas oficiais de Luta Galhofa pela FPLA, e no ano seguinte decidiu-se também trazer ao público a modalidade tradicional sobre a palha. Os responsáveis continuam a divulgar em Portugal e no exterior essa forma de luta, para garantir que a continuidade dessa arte milenar não se perca.
O Instituto Politécnico de Bragança tem a Luta Galhofa como disciplina curricular no curso de Ciências do Desporto.