MULHERES HISTÓRICAS NAS ARTES MARCIAIS

• A primeira Árbitra de Boxe do mundo foi BELLE MARTEL (1907 – 2007). Licenciada em 30 de abril de 1940 na Califórnia, era altamente reconhecida como lutadora, inclusive da Savate, esporte que praticava e ensinava antes do Pugilismo. Sua performance na Arbitragem atraía as grandes estrelas de Hollywood (e consequentemente multidões) aos eventos de Boxe da época. Atingiu enorme sucesso também como locutora, cronometrista, treinadora e promotora de eventos ao lado do marido Art Martell. Continuou atuando no Boxe pelas duas décadas seguintes, atingindo grande notoriedade, apesar de todo o boicote masculino que passou a sofrer por conta do seu destaque nos eventos. Em 2018 foi homenageada postumamente pelo Hall da Fama do Boxe Internacional, na Califórnia.

• Aos 81 anos, MEENAKSHI GURUKKAL é a treinadora mais representativa e dominante do KALARIPAYATTU, ancestral Arte Marcial indiana. Todos os anos, centenas de pessoas do mundo inteiro, inclusive celebridades, se dirigem a Kerala, na Índia, para treinar com a premiada, respeitada e experiente senhora.

GLADIADORAS • Existem registros da existência dessas guerreiras que não deixam dúvidas quanto a sua veracidade. Chamadas de ‘ludias’, ‘mulieres’ e ‘amazonas’, elas conduziam cavalos, matavam bestas selvagens e lutavam como os gladiadores, com o mesmo programa de treinamento e equipadas com ítens e vestimentas semelhantes às dos guerreiros masculinos. Decretos oficiais regulamentavam sua participação nos eventos: eram espetáculos à parte onde combatiam entre si e contra animais. O escritor romano Petrônio deixou relatos sobre gladiadoras lutando sobre bigas. Sabe-se também que a maioria dessas mulheres lutava por vontade própria. Mas o imperador Domiciano organizava embates entre escravas, e Nero forçava as esposas de ilustres senadores a empunhar espadas e se enfrentar em anfiteatros onde ele próprio orquestrava as lutas. Algumas entraram para a História: MEVIA, gladiatrix que caçava javalis com lança nas mãos e os seios expostos na arena; AMAZON e ACHILLIA, cujo combate foi registrado em pedra (registro que se encontra no Museu Britânico). No ano 200 d.C. o imperador Severus proibiu o espetáculo das gladiadoras, afirmando que o ato era uma ameaça à ordem social e um desrespeito às mulheres. O certo é que muitas delas atingiram grande prestígio na sociedade devido às suas habilidades de combate.

MULHER SAMURAI (“ONNA-BUGEISHA”) NAKANO TAKEKO (1847 • 1868) foi a última guerreira samurai da História do Japão. Treinada desde os 6 anos de idade para ser uma perita em combate, também se especializou em literatura, artes, poesia, caligrafia e clássicos filosóficos. Tornou-se professora de Artes Marciais e manejava sua espada com maestria. Criou um exército feminino (o Joshitai) que intimidava os adversários masculinos nas batalhas devido à sua forma de combate altamente letal. Tinha como referência a célebre samurai TOMOE GOZEN, que viveu 600 anos antes.

BARBARA “THE MIGHT ATOM” BUTTRICK iniciou sua carreira no Boxe em 1948, sofrendo muito preconceito. Era frequentemente chamada de “monstruosa” e “um insulto à feminilidade”. Mesmo assim tornou-se campeã mundial invicta nas categorias mosca e galo entre 1950 e 1960. Uma de suas lutas no Canadá foi a primeira luta feminina a ser transmitida pelo rádio. Sofreu apenas uma derrota na carreira, aposentando-se em 1960 com o cartel 30 -1-1. Na década de 1990 fundou e se tornou presidente da Federação Internacional de Boxe Feminino (WIBF), e em 2014 inaugurou o Hall da Fama do Boxe Feminino em Fort Lauderdale, Florida. BARBARA BUTTRICK estava presente nas Olimpíadas de Londres 2012, quando o Boxe Feminino finalmente se tornou um esporte olímpico. “Era o mundo de um homem, mas isso nunca me impediu de me tornar campeã mundial. Eu sabia que o Boxe era o que eu queria fazer, então fiz”, disse ela.

Texto Marcia Lomardo
@marcia.lomardo.artesmarciais